quarta-feira, 20 de junho de 2007

SOFA by Naiana

Use of the SOFA score to assess the incidence of organ dysfunction/failure in intensive care units: Results of a multicenter, prospective study.

OBJETIVOS: Analisar o uso do escore Sequential Organ Failure Assesment (SOFA) na avaliação da incidência e severidade da disfunção de órgãos em pacientes internados em UTIs.

INTRODUÇÃO: Enquanto a mortalidade permanece o mais importante end-point dos ensaios clínicos, morbidade também é importante devido várias razões. (1) Em pacientes de UTI é difícil demonstrar que uma nova intervenção tem significante impacto na mortalidade, enquanto a função individual de um órgão pode ter beneficio. (2) A avaliação de morbidade é importante para análise de custo-efetividade de intervenções terapêuticas. (3) A utilização de escores simples, como o SOFA, facilita a comunicação científica. (4) Pode auxiliar na identificação de diferentes padrões de disfunção de órgãos e aumentar a compreensão sobre o processo de doença.
A avaliação da disfunção de órgãos deve ser baseada em 3 importantes princípios:
A falência de um órgão consiste num continuum de alterações.
O curso de tempo deve ser registrado, como a falência de um órgão é um processo dinâmico, o grau de disfunção pode variar com o tempo. Por isso, a avaliação regular das funções orgânicas é útil para acompanhar o processo de doença.
A descrição da falência de órgãos deve ser baseada em variáveis simples, específicas para o órgão analisado e que possam ser avaliadas em qualquer lugar.
Em dezembro de 1994, um grupo de médicos intensivistas criou o escore Sepsis-Related Organ Failure Assesment. Uma vez que, este escore não era especifico para sepse, ele passou a ser chamado Sequential Organ Failure Assesment. Ele é composto de escores de 6 sistemas orgânicos, graduados de 0-4, de acordo com o grau de disfunção. Um SOFA ≥ 3 para qualquer órgão é o valor para definir falência deste órgão.

MATERIAS E MÉTODOS: Foi realizado um estudo multicêntrico e prospectivo. Foram coletados dados de 1449 pacientes, procedentes de 40 UTIs, de 16 países, na admissão e durante a permanência na UTI. Foram incluídos no estudo pacientes com idade maior que 12 anos, admitidos na UTI em maio de 1995. Os critérios de exclusão foram pacientes que permaneceram menos de 48h na UTI após uma cirurgia não complicada.

RESULTADOS: Participaram do estudo pacientes clínicos e cirúrgicos. A média de idade foi de 55 anos (variando de 12-95 anos). 63% eram do sexo masculino. A média de tempo que os pacientes ficaram na UTI foi de 5 dias. A taxa de mortalidade na UTI foi de 22%, e a taxa de mortalidade hospitalar foi de 26%.
Na admissão, a maioria dos pacientes apresentava um valor reduzido de SOFA para cada sistema de órgãos. O escore total SOFA foi significantemente maior entre os não-sobreviventes.
O risco de morte foi maior quando os seguintes sistemas eram afetados: cardiovascular, neurológico e renal (nesta ordem de importância); p<0,01.
Um subgrupo de 544 pacientes, que permaneceu uma semana na UTI foi avaliado. 44% dos não-sobreviventes elevaram seu SOFA em comparação a 20% dos sobreviventes (p<0,001). 33% dos sobreviventes decresceram seu escore total SOFA comparado com 21% dos não-sobreviventes (p<0,001).
Observou-se que os pacientes infectados tiveram um grau mais severo de disfunção de órgãos, com elevação do SOFA para cada órgão.

DISCUSSÃO: O objetivo primário do SOFA não era predizer mortalidade, no entanto foi observada uma relação entre falência de órgãos e mortalidade, entre morbidade e mortalidade.
Quando dois sistemas orgânicos estavam em falência, a presença de insuficiência respiratória, como um dos dois sistemas afetados, foi associada com menor da taxa de mortalidade, quando comparada a qualquer outra combinação de órgãos em falência.
A disfunção de órgãos é um processo dinâmico, e a simplicidade do escore SOFA facilita sua aplicação, propiciando a repetição destas medidas e cálculo do escore na comunidade científica.
Pacientes infectados mostraram maior grau de disfunção de órgãos para todos sistemas, o que reforça a relação entre sepse e disfunção de múltiplos órgãos.
Apesar das limitações impostas pela simplicidade do SOFA, este escore é útil para várias propostas:
É um escore simples, porém efetivo para descrever disfunção orgânica em pacientes críticos.
Pode ser utilizado para comparar grupos de pacientes em ensaios clínicos e análises epidemiológicas.